Entrevista: Secretário do Meio Ambiente, Eduardo Taveira, fala sobre importância do Amazonas como sede da 12ª Reunião Anual do GCF
Nesta semana, nos dias 17 e 18 de março, o Amazonas vai ganhar destaque mundial com a realização da Reunião Anual da Força-Tarefa de Governadores pelo Clima e Florestas (GCF Task Force), que terá a participação de mais de 300 autoridades, lideranças e convidados de 10 países.
O evento, organizado em parceria com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), promoverá um amplo debate sobre problemáticas e soluções para as mudanças climáticas e o desmatamento em Estados e províncias de florestas tropicais. O titular da Sema, Eduardo Taveira, falou sobre a importância do Amazonas ser sede do evento. Confira:
- Qual a importância da Reunião da Força-Tarefa está sendo realizada em Manaus?
“É muito importante porque, primeiramente, o governador Wilson Lima é presidente do GCF e essa presidência requer que o presidente faça a reunião no seu estado. O presidente é eleito por todos os membros da rede, então essa é uma conquista muito importante. Baseado no que o governador apresentou, no último encontro, realizado em 2019, em Caquetá, na Colômbia. Depois de dois anos, por causa da pandemia, nós estamos retomando a agenda do encontro anual do GCF. Realizado pela primeira vez na região Norte. É a segunda vez que acontece no Brasil”.
- O Amazonas tem papel estratégico nas ações da Força-Tarefa?
É bem importante porque, estamos no estado com a maior porção de floresta tropical contínua do mundo. Para se ter uma ideia, o segundo maior é um país, o Congo, então é de uma importância estratégica muito grande para aquilo que se pretende discutir nessa agenda, que é clima e floresta.
A gente enfrenta, logicamente, um avanço muito grande de desmatamento ilegal e queimadas, mas é muito importante destacar que o Amazonas tem 1,5 milhões de quilômetros quadrados e mais de 1,4 milhões de quilômetros cobertos, totalmente, por florestas, ou seja, 98% de área natural do Estado do Amazonas está conservada. Isso é um grande paradigma, inclusive, para o mundo.
- Como as experiências do Amazonas, na área ambiental, podem ser utilizadas como cases para os outros países que fazem parte da Reunião da Força-Tarefa?
Sabemos que é um grande desafio encaminhar estratégias de desenvolvimento econômico, inclusão social e ao mesmo tempo você ter conservação ambiental, com desenvolvimento econômico. O Amazonas tem adotado políticas que encontrem esse caminho. Para você ter uma ideia, recentemente, o governador Wilson Lima assinou um decreto que regulamenta o mercado de carbono no Estado do Amazonas. Essa é uma estratégia muito importante para que a floresta em pé seja remunerada, beneficiando comunidades tradicionais, do interior e ribeirinhas. Além disso, em 2020 teve um decreto que também autoriza o manejo florestal em Unidades de Conservação (UCs), em especial florestas e glebas estaduais que são feitas para essas situações. Nós estamos com 12 estudos de precificação nessas áreas, também o manejo é uma das estratégias mais sustentáveis para você manejar madeira, de maneira ambientalmente correta, certificado, gerando muita renda para os municípios e comunidades do interior. Além disso, o Estado do Amazonas é reconhecido, nacionalmente e internacionalmente, pela gestão de Unidades de Conservação (UC). Quase 15% de todo o território do Amazonas é protegido por unidades de conservação estaduais, ou seja, uma grande parcela. Essas áreas contribuem com menos de 1% do desmatamento ilegal, ou seja, tem uma pujança de atividades vinculadas a cadeias produtivas da sociobiodiversidade muito importante, como pirarucu, açaí, óleos essenciais. Então, é fortalecer essa estratégia, divulgar que é possível, que não é antagônico você ter uma estratégia de conservação ambiental, mas ao mesmo tempo de geração de renda. Essa é a mensagem que o Amazonas quer passar por meio desse encontro anual do GCF em Manaus.
- A reunião anual da Força-Tarefa do GCF será dividida em debates temáticos que se alinham com o Plano de Ação de Manaus (MAP, na sigla em inglês), inicialmente discutido. O que podemos esperar sobre a implantação do MAP?
O Plano de Ação de Manaus (MPA) avança em estratégias anteriores. Por determinação da presidência do governador Wilson Lima, a gente está implementando um plano de ação, não mais uma carta declaratória, mas um plano de ação que possa mobilizar o planejamento estratégico do GCF ao longo do tempo. A ideia é que a gente trabalhe em quatro eixos, que vai desde população, governança, conservação ambiental, bioeconomia e que isso determine para os outros estados membros, os 10 países participantes, essas estratégias, ou seja, não vai ser construído de cima para baixo. Esse documento passou por uma construção de regionais. Então, governadores participaram ativamente da construção desse documento e agora, depois dele assinado e lançado aqui em Manaus, esse plano de ação se desdobra nas estratégias locais. Isso vai mudar um pouco o que acontece por meio de financiamentos internacionais: geralmente quem tem dinheiro, coloca as pautas para os países e os países aderem a essas pautas. Com o plano de ação de Manaus, a gente quer reverter essa lógica, implementando uma estratégia de desenvolvimento que tenha a ver com cada região e país, e os financiadores possam aportar recursos de acordo com a demanda de cada região. Então, é importante que seja de baixo para cima essa construção. Essa é a grande novidade do Plano de Ação de Manaus e também a inclusão, o que o governador Wilson Lima tem defendido desde o início da presidência, que é a inclusão, ao mesmo tempo que a gente discute clima e floresta, também discutimos redução de pobreza. Esse, inclusive, é um ponto que une todos os estados e países que têm florestas tropicais: além do desafio de preservar as florestas têm um desafio muito mais urgente que é o da redução da pobreza.
- A Reunião Anual da Força-Tarefa dos Governadores em Manaus será aberta ao público?
No dia 16 de março, a reunião será apenas para os membros da GCF Task Force, formado por 38 Estados e províncias que cobrem mais de um terço das florestas tropicais do mundo, localizadas no Brasil, Colômbia, Costa do Marfim, Equador, Indonésia, México, Nigéria e Peru.
Já nos dias 17 e 18, das 8h30 às 17h, o evento é aberto ao público e será realizado no Centro de Convenções do Amazonas Vasco Vasques, localizado no bairro Dom Pedro, em Manaus, com a realização de quatro debates e ainda uma feira com produtos da bioeconomia amazônica.