Comunitários afetados pela estiagem destacam importância de ajuda humanitária
Governo do Amazonas fez entrega de cestas básicas para apoiar comunidades isoladas na RDS Rio Negro
Alívio diante da seca extrema. O apoio humanitário do Governo do Amazonas, no período da estiagem, alcançou mais 159 famílias na quinta-feira (12/10). Desta vez, os beneficiados foram moradores de seis comunidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro. Eles destacaram a importância da ação para mitigar os efeitos da estiagem.
Demétrio Vidal Mendonça, de 71 anos, foi um dos fundadores da comunidade Santa Helena do Inglês, localizada a aproximadamente 60 quilômetros de Manaus. Ele chegou com o pai e três irmãos, em meados dos anos 60, antes mesmo da área tornar-se legalmente protegida. A comunidade abriga seus filhos, netos e amigos, criados às margens do igarapé do inglês, que corta a comunidade e, hoje, encontra-se completamente seco.
“Para pegar peixe tem que ir lá para a costa do rio grande, trazer o saco nas costas, e quando chega aqui, o peixe às vezes já nem presta mais, pelo sol muito forte. A gente está sofrendo por isso. E é difícil para trazer alimentação também, porque para chegar custa muito”, disse.
Segundo ele, as cestas vão ajudar a completar a alimentação das famílias que moram na comunidade. “Essas cestas vão ajudar muito, porque tem família que não tem como sair, só recebe dinheiro de auxílio, e o auxílio tem a data para sair. Graças a Deus vocês estão aqui para fazer essa doação de cestas. É uma coisa que a gente agradece por essa oportunidade”, relatou.
O pescador Sebastião Brito de Mendonça, de 49 anos, é filho de Demétrio e presidente da comunidade Saracá, vizinha à comunidade Santa Helena do Inglês. Mais afastada, os moradores encontram ainda mais dificuldade para conseguir o alimento diário, proveniente da pesca. Por lá, os moradores fazem um revezamento. “A gente sai, quatro, cinco famílias, para caminhar duas, três horas, para ir buscar os peixes onde elas estão. As famílias que fazem a captura chegam e dividem com as outras famílias. No outro dia, outras famílias já vão, e assim a gente vai levando”, contou.
“Mas tem as coisas básicas que a gente não consegue pegar, como o açúcar, um café. Por isso que tem importância o poder público, o Estado, principalmente nesse momento que a prioridade é apoiar a gente. Eu sei que para uma cesta básica, tem família que não dura duas semanas, mas ameniza esse momento. É importante ter esse plano de ação para chegar ajuda a outras comunidades também”, completou.
Moradora da comunidade Saracá e irmã de Sebastião, a pescadora e artesã Pedrina Brito de Mendonça, 40 anos, destaca a importância da ação. “A alimentação é um fato muito difícil. O peixe já sumiu por falta d’água e outros insumos, para conseguir, tem que ir até Manaus. Para pegar um transporte da nossa comunidade é uns 10 quilômetros andando e essa ajuda que o governo está trazendo para nós é de muita importância, porque tem famílias que realmente estão precisando”, afirmou.
Plano de ação
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) tem monitorado a situação da estiagem nas Unidades de Conservação Estaduais do Amazonas, junto à Defesa Civil do Amazonas e apoio de Organizações da Sociedade Civil (OSC). Um Grupo de Trabalho foi instituído para otimizar as ações de apoio humanitário a comunidades isoladas em áreas protegidas.
No início de outubro, outras 150 cestas foram enviadas à comunidade Arumã, na RDS Piagaçu-Purus, atingida por um desbarrancamento. Na ocasião, também foram entregues 150 kits de higiene, 180 frangos e 100 garrafões de água de 20 litros.