Desafios de comunidades ribeirinhas em UCs do Amazonas são debatidos no 1º dia do XXII Encontro de Lideranças

“Como levar água potável a ribeirinhos de regiões remotas no Amazonas, proteger uma área verde da invasão de grileiros ou madeireiros ilegais e impulsionar no mercado cadeias produtivas no Estado?”. Todos estes questionamentos começaram a ser expostos e debatidos em Manaus, a partir desta segunda-feira (27), durante o XXII Encontro de Lideranças do Bolsa Floresta, evento promovido pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) em parceria com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) que reúne, na capital, lideranças ribeirinhas e presidentes de associações de diversos municípios e regiões. A ação tem apoio do Fundo Amazônia/BNDES, Bradesco e Governo do Amazonas.

Com extensa programação que segue até a sexta-feira (31), com debates, palestras, mesas redondas e capacitações, o encontro busca avaliar e aprimorar a aplicação do Programa Bolsa Floresta (PBF) – uma política pública implementada pela FAS que beneficia populações ribeirinhas em Unidades de Conservação (UC) – mas também é oportunidade para debater problemáticas, buscar soluções e capacitar e empoderar os líderes comunitários. Tudo acontece das 8h às 21h, na sede da FAS, na rua Álvaro Braga, 351, Parque Dez, Zona Centro-Sul.

Na abertura dos trabalhos, os ribeirinhos puderam conversar com secretários estaduais e apresentar questões que atingem a vida das comunidades nas Unidades de Conservação. Maria Itanilde Barbosa, presidente da Associação de Agroextrativistas da Floresta Estadual de Maués (Aspafemp), no município de Maués, a 276 quilômetros de Manaus, é uma delas.

“Hoje as pessoas dentro da UC tem terreno, mas não podem ter o documento. O encontro é uma oportunidade para a gente tentar resolver isso”, disse. “Viemos aqui atrás de conhecimento, cada encontro é uma experiência e no final levaremos tudo para os comunitários”.

Sebastião Nogueira de Souza, presidente da Associação Agroextrativista da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, localizada entre os municípios de São Sebastião do Uatumã e Itapiranga, participa do encontro pela terceira vez. “O encontro nos traz informação, nos ajuda na organização da associação e em todas as áreas. Lá temos vários problemas e um deles é a situação com uma madeireira que temos planos de manejo florestal, mas ainda não está liberado. Já expusemos e vamos buscar juntos uma solução”, disse.

Debate com secretários – O secretário estadual de Meio Ambiente, Eduardo Taveira, foi um dos gestores do Executivo presentes na abertura do XXII Encontro de Lideranças. “Esse encontro é extremamente importante porque a gente pode começar a ver o rosto, o nome e a história de vida dessas pessoas. É um evento que facilita muito o processo de entendimento da vida dessas comunidades. Cabe a nós, Sema, gerir as UCs e as associações são como as mães das UCs, e onde a política pública do Programa Bolsa Floresta é implementado. É, na verdade, um momento de avaliação das ações que o Estado tem feito”.

O secretário de Estado de Educação (Seduc), Luiz Castro, falou da importância de estender as ações desenvolvidas em parceria com a FAS a favor da educação nas comunidades ribeirinhas. “A educação precisa casar com o desenvolvimento sustentável. O trabalho que a FAS desenvolve nas Unidades de Conservação junto com o Estado é fundamental. Essas ações têm a presença da Seduc, como, por exemplo, a experiência do curso de pedagogia que vai acontecer no Juruá (município). Precisamos ampliar isso, e a educação ambiental também. Muita coisa precisa ser feita e viemos aqui tentar avançar nessas parcerias”.

Juliano Valente, diretor-presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), reforçou o trabalho executado pela FAS nas Unidades de Conservação. “Nesse encontro se faz formação de pessoas, de lideranças, e líderes são importantes no processo de multiplicação da educação ambiental e da proteção do meio ambiente. Jamais os órgãos de controle como o Ipaam, com tecnologia, recursos e materiais poderiam resolver as ações de comando e controle se não houver pessoas com formação. O papel que FAS desenvolve é de formação humana e isso é imprescindível para nós do Ipaam”, concluiu.

O vice-presidente do Conselho de Administração da FAS, Neliton Marques da Silva, que é professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), coordenou os debates. “O encontro é uma oportunidade ímpar para trocar experiências e refletir em relação a diversas questões. É um momento para fortalecer os laços e integrar as agendas de atuação. Possibilita a construção de uma interação de sinergias entre as lideranças das diferentes Unidades de Conservação presentes”, ressaltou.

Programação diversa – Também participaram da abertura do XXII Encontro de Lideranças representantes da Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), da Secretaria de Estado de Cultura (SEC) e da Secretaria de Estado de Planejamento, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Seplancti). O evento segue a programação com debates, palestras e capacitações específicas em diversos temas, como monitoramento ambiental, BR-319, resíduos sólidos, empreendedorismo ribeirinho, violência sexual, manejo florestal, recursos hídricos, microcrédito, bioeconomia, segurança pública e tráfico de drogas. Dentro da programação também acontece o Papo Sustentável 2019, na quinta (4), com o tema “Soluções para o acesso à água potável em comunidades ribeirinhas do Amazonas”.

Programa Bolsa Floresta – O objetivo principal do Encontro de Lideranças é avaliar e aprimorar a estratégia e a metodologia de implementação do Programa Bolsa Floresta (PBF), uma iniciativa desenvolvida pela FAS em 16 Unidades de Conservação (UC) que recompensa e melhora a qualidade de vida de populações ribeirinhas que vivem em comunidades do Estado e que contribuem para a conservação do meio ambiente. O PBF é mantido com recursos do Fundo Amazônia/BNDES, do Bradesco e da Coca-Cola e recebe apoio do Governo do Amazonas.

Fotos: Ricardo Oliveira/Sema